Sobre um novo ano…

3 jan

No início do ano é comum recebermos textos reflexivos sobre o ano que passou e sobre o que virá. Esse ano em especial recebi de amigos e colegas textos muito bons que realmente me fizeram pensar e reavaliar questões em minha vida. Se tem algo que eu realmente gosto de fazer em época de férias, além do necessário descanso e da maior conexão comigo mesma, família e amigos, é ler. Aproveito a pausa na rotina atarefada para me debruçar em novas leituras e releituras.

Para o texto de início de ano deste Blog, escolhi refletir, inspirada pelas leituras que já fiz, e inspirada no texto que escrevi lá em 2017 e que acredito continuar sendo super atual, sobre a lógica binária do ganhar ou perder. Explico. Em nossa cultura existe algo muito forte e, não totalmente consciente, que quer fazer de nós vencedores ou perdedores, pessoas de sucesso ou de fracasso, como se essas fossem as duas únicas opções possíveis para o ser-humano.

Na realidade do consultório vejo o quanto isso pode ser devastador. É como se vivêssemos acreditando que para sermos vencedores na vida precisamos atingir um certo e estabelecido patamar social, cultural, relacional, intelectual, uma referência que não foi criada por nós, mas pela sociedade. Se não atingirmos esse referencial, ficamos tristes, frustrados, deprimidos, afinal, “o mundo pertence aos vencedores”.

Não existe, é claro, nada de errado em buscarmos crescer enquanto pessoa, adquirir bens, cultura, etc. A grande questão é quando isso se torna uma questão de “ganhar ou perder” muito mais do que uma questão de “ser” e quando somos movidos mais por uma referência externa (social), do que uma referência interna (aquilo que é o nosso próprio referencial de sucesso e que está alinhado com nossos valores e missão na vida).

Dentro dessa lógica binária do ganhar ou perder, a autora, PhD e pesquisadora Brené Brown observa, após 12 anos de pesquisa, o quanto está presente nas pessoas o escudo “Viking ou Vítima”. Ou se é uma vítima da vida, alguém que está sempre sendo passado pra trás, “perdendo” ou se é um viking, alguém que se mantém no controle, exerce poder sobre as coisas e nunca demonstra vulnerabilidade… e acredita que isso é ser “vencedor”. “Reduzir nossas opções de vida a papéis tão limitados e extremos deixa muito pouca esperança para transformação e mudança significativa”, ela diz.

Essa mentalidade binária pode funcionar como uma armadura que impede as pessoas de estabelecerem vínculos reais com os outros e consigo mesmas e ser causadora de muito estresse. Questionar essa visão de mundo de forma crítica é um primeiro passo na direção da mudança e da qualidade de vida emocional. Além disso, o conceito de sucesso é relativo. Reflita: o que é sucesso para VOCÊ? Para muitos, sucesso pode ser simplesmente sobreviver com dignidade em um mundo cada vez mais caótico. Para outros, pode representar realização profissional, bem estar da família, e para outros ainda pode envolver uma conquista maior de bens e status. Seja como for, ele não precisa se basear num conceito externo, mas sim naquilo que dá paz ao seu coração.

Acredito fortemente que o maior ganho que podemos ter é SER. O ganho de nos tornarmos pessoas mais humanas, mais sensíveis ao que realmente importa na vida e coerentes com nossos objetivos, valores e referenciais próprios.

Que em 2020 possamos nos conectar ainda mais com nossos valores e construir nossos próprios referenciais de sucesso e de vida.

Feliz novo ano.

Uma resposta to “Sobre um novo ano…”

  1. Tânea 8 de janeiro de 2020 às 23:01 #

    Obrigada, Mari! Um super ano equilibrado, com Jesus, pra nós! Bj

    ________________________________

Deixe um comentário